domingo, 26 de maio de 2013

Cores Femininas Lutando pelo FIM DA VIOLÊNCIA conta as Mulheres

Confira algumas Imagens da Marcha das Vadias, O Cores femininas fez uma pequena intervenção de graffiti nas faixas e cartazes, agradecemos de coração em poder participar deste momento tão importante para as mulheres de Recife.

Nós agradecemos pela oportunidade de poder contribuir com uma ação tão importante para as mulheres do Recife como esta. Um forte abraço de todas as meninas do Grupo Cores Femininas e Cores do Amanhã.

Conheça a organização e responsáveis em Recife pela Marcha:

Confira algumas notícias e saiba mais:

































































Manifesto da Marcha das Vadias do Recife

“A Marcha de todas as bandeiras”

O Movimento Slutwalk surgiu no Canadá, no início de 2011, e ganhou o mundo levantando a bandeira contra a culpabilização da mulher em casos de agressão sexual. A Marcha das Vadias vem, primariamente, contestar e desconstruir a ideia de que mulheres são culpadas pelas agressões que sofrem.

O primeiro ponto de reivindicação é a ressignificação do termo ‘vadia’. Somos constantemente chamadas de vadias, putas e vagabundas pelo simples fato de exercermos nossa sexualidade livremente e por sermos seguras de quem somos. Se, no momento que nos declaramos livres, liberadas, felizes, conscientes e seguras sexualmente, somos vadias, então somos todas (e queremos ser todas) vadias, pois não existe nada mais libertador e bonito do que ser livre, ter amor próprio e consciência do próprio corpo. Ser mulher é uma luta diária em nossa sociedade machista.

Em Pernambuco, marchamos porque o nosso estado é um dos campeões deste tipo de violência no País, ocupando, no Mapa da Violência elaborado pelo Instituto Sangari/Ministério da Justiça, o terceiro lugar em assassinatos de mulheres. Pernambuco tem, ainda, o município de Escada que registra o maior número de homicídios contra mulheres no País.

No Brasil, marchamos porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano, e mesmo assim nossa sociedade acha graça quando um humorista faz piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço; marchamos porque aproximadamente 12 mulheres morrem por dia no Brasil vítimas de crimes de ódio, motivados pela não aceitação do fim de relacionamentos. Machismo mata, todos os dias!

Marchamos porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e consumo dos homens; marchamos porque vivemos em uma cultura patriarcal que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher, nos dividindo em “santas” e “putas”, e muitas mulheres que denunciam estupro são acusadas de terem procurado a violência pela forma como se comportam ou pela forma como estavam vestidas.

Marchamos porque somos diminuídas profissionalmente e, em pleno ano de 2012, as mulheres ainda possuem um salário 17% menor do que o salário de homens (por exercerem a mesma função, durante a mesma carga horária e com o mesmo nível de qualificação profissional). É inaceitável que ainda sejamos tratadas como seres inferiores.

Marchamos porque desejamos que todas as mulheres que optem pelo aborto não sejam criminalizadas. Atualmente, a prática do aborto só é legalizada em casos de estupro, de fetos anencéfalos ou em casos onde a gravidez represente risco de morte para a mãe. Lutamos para que o aborto seja legal e seguro para todas as mulheres que optem por realizá-lo e que, caso optem pela realização, não sejam de forma alguma criminalizadas ou hostilizadas.

Marchamos porque todos os dias somos submetidas à violência obstétrica por parte de profissionais despreparados que nos obrigam a realizar cesáreas desnecessárias, sem respeitar nossa autonomia e poder de decisão. Somos impedidas de exercer a maternidade ativa, de decidirmos como queremos que nossas filhas e filhos venham ao mundo. Somos vítimas de uma cultura de impotência, que nos reduz a coadjuvantes de nossas próprias vidas, pois nossos desejos, vontades e capacidades não são levados em conta.

Marchamos porque a mesma sociedade que explora a publicização de nossos corpos voltada ao prazer masculino se escandaliza quando mostramos o seio em público para amamentar nossas filhas e filhos; marchamos porque durante séculos as mulheres negras escravizadas foram estupradas pelos senhores, porque hoje empregadas domésticas são estupradas pelos patrões e porque todas as mulheres, de todas as idades e classes sociais, sofreram ou sofrerão algum tipo de violência ao longo da vida, seja simbólica, psicológica, física ou sexual.

Já fomos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas de vadias porque transamos antes do casamento, já fomos chamadas de vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas, já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro enquanto estávamos inconscientes, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e estupradas por vários homens ao mesmo tempo durante a Ditadura Militar. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias apenas porque somos MULHERES.

SOMOS VADIAS. E somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida, à nossa sexualidade e aos nossos corpos. Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua dignidade ferida.

Por isso queremos todas as bandeiras na nossa marcha!

* A bandeira da luta contra a violência sexual, a submissão, a exploração do corpo da mulher. A luta contra o conservadorismo que nos diz que, se não quisermos ser estupradas, não devemos provocar.

* A luta contra o moralismo, que nos diz que não podemos usufruir de nossa sexualidade, sensualidade e beleza. Contra o machismo que impede que a mulher seja livre e impõe que seja apenas um objeto.

* O feminismo, renovado, que acolhe as mulheres e orienta na melhor forma de exercer a feminilidade, com força, determinação e respeito.

* A cidadania, que busca a criação de políticas públicas efetivas de proteção aos direitos da mulher, que puna agressores e estupradores.

* O fim do preconceito contra os grupos LGBT, pelo respeito às diferentes formas de orientação sexual.

* A assistência às prostitutas, maiores vítimas de violência e agressão sexual, pelo reconhecimento profissional e por uma condição mais digna, sem exploração.

* O apoio às mulheres agredidas, que tenham a segurança de o Estado irá defendê-las de seus agressores.

Se você também não concorda com uma sociedade que aplaude piadas sobre estupro, que segue lideranças que afirmam que, se a mulher foi estuprada, é porque de alguma forma ela consentiu, que banaliza a agressão física, moral e sexual, marche conosco.


Marcharemos até que todas sejamos livres!


Fonte das fotos e do Texto: http://www.facebook.com/events/501262469934405/?fref=ts

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