sexta-feira, 29 de junho de 2012

Grafitagem vira tema de dissertação com Nika Dias


Fonte: FOLHA UNIVERSITÁRIA

Grafitagem vira tema de dissertação de mestrado da UFPE

Estudiosa conseguiu fazer análise do perfil de grafiteiros do Recife

18/06/2012 11:13 - Da Folha de Pernambuco

Jedson Nobre
Grafiteira Nika Dias, 24, escolheu a rua da Moeda para expressar a arte
 Com uma dissertação de mestrado, a psicóloga do Departamento de Pós- Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lucia Helena Ramos, 48, conseguiu fazer uma análise do perfil de grafiteiros do Recife. Os praticantes, conhecidos por deixarem suas marcas nos muros da cidade, foram representados por seis integrantes da Organização Não Governamental Instituto Vida. Durante quatro meses, eles passaram a relatar à pesquisadora o modo como trabalhavam e mostraram que o intuito de todo grafiteiro era tornar o espaço público mais belo.
“Esse tema foi mais o acúmulo de experiências minhas com a área da psicologia sócio-cultural, junto a ONGs. O tema da cidade sempre me chamou a atenção, pelo fato de os jovens se apropriarem dela e cuidarem do ambiente, mostrando que ele deve ser apreciado pela arte que carrega”, atestou a psicóloga. Para consolidar a dissertação, intitulada é “Os sentidos de apropriação da cidade por jovens grafiteiros (as)”, Lúcia Helena dividiu os seis jovens em três duplas, sendo duas homogêneas e uma heterogênea. “A ideia inicial era entrevistá-los. Mas, ao longo do trabalho, resolvemos analisar, também, o visual“, pontuou a profissional.
Deste modo, cada dupla escolheu um lugar para deixar a marca da arte. “A escolha de onde você vai grafitar define muito o status que você possui. Quanto mais alto, por exemplo, mais destaque a pessoa tem”, explicou a estudiosa. A grafiteira e técnica em enfermagem Nika Dias, 24, foi uma das componentes da dissertação. Ela escolheu a rua da Moeda, no bairro do Recife. Conhecida pelos desenhos abstratos, ela preferiu marcar o muro com tentáculos. “Já grafito há quatro anos. Primeiro, eu quis pintar, mas depois eu vi que preferia passar essa arte para todo mundo ver”, afirmou Nika.
A jovem ainda frisou que sempre faz registros das obras que elabora. “Eu escolho um lugar que não tenha muita arte em si, que já esteja bem deteriorado, para modificá-lo positivamente. Pelas minhas contas de fotografia, já tenho mais de 50 grafites”, contou. Nika prefere pintar pelo Recife, por achar a cidade mais atraente. “Mas tenho arte em Olinda e até no interior”, disse.
No que diz respeito ao engajamento dos praticantes, a pesquisadora Lucia também fez observações. “Fazendo uma analogia ao desafio de entrar em uma faculdade, podemos dizer que os grafiteiros, assim como os estudantes, querem fazer a diferença e mostrar que podem modificar o mundo ao redor. Eles querem quebrar a velocidade das pessoas e fazer com que a população passe a prestar mais atenção nas ruas e no próximo”, ressaltou.


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